Os fighting games para mim antes e depois de 2016

Minha história com os fighting games não é aquela coisa “nossa, que história legal”, mas ainda assim tem lá sua sequência de acontecimentos que gosto de lembrar, outros dos quais não gosto.


Meu primeiro jogo de luta foi o Street Fighter II Champion Edition, do Mega Drive. Lembro do meu primo mais velho falando do jogo que tinha em fliperama e depois meu irmão e eu encontramos o Street em locadora depois. Esse meu primo nos ensinou os comandos dos personagens e foi bem complicado de aprender, ainda mais que não tínhamos um controle de seis botões ainda. Street Fighter com o controle de três botões era complicado demais. Nessa época a gente não tinha nada dessas coisas de tier list, frame data e todas as coisas que hoje consideram essenciais para se jogar bem um jogo de luta. Bom, poderia até ter entre jogadores que levavam as coisas mais a sério. No entanto, nós lá em casa e amigos que vinham jogar não ligavam pra isso. Simplesmente a gente escolhia um personagem a cada partida e jogávamos. Lógico, tinha aquele personagem que era o favorito (no meu caso, a Chun-li), mas jogávamos com todos. Não tinha essa coisa de “meu main é Fulano”.

A partir do Street Fighter, fomos jogando outras coisas. Não vou conseguir me lembrar de todos, mas como exemplos posso citar Mortal Kombat, World Heroes, Samurai Shodown, Double Dragon e vários outros da época do Mega Drive. E conforme trocávamos o console mais velho por um novo, íamos conhecendo mais e mais jogos. Porém, ainda era aquela coisa casual. Da minha parte, eu joguei bastante até o período em que teve a transição do PS2 para o PS3, também mantendo meu PC atualizado com emuladores. Eu tinha até um PC bonzinho para jogos.


Como o videogame em casa era compartilhado com meu irmão, nessa transição para o PS3 eu acabei ficando sem console. Ele usou o PS2 pra comprar o 3 pra ele. Aí fiquei um bom tempo só nos emuladores até pegar o PS4 em 2015.


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E aqui fecha um ciclo de inocência e ignorância com relação ao mundo dos jogos de luta (risos).

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Em 2015, eu comprei o Ultra Street Fighter IV. Jogava sempre sozinha e em nenhum modo online. Aliás, nem me lembro se ele tem algum modo online que não seja partida ranqueada. Bom, continuando, eu não jogava online porque estava tendo problemas em casa. Com uma pessoa que queria controlar minha vida, querendo saber com quem eu falava na internet eu não tinha gosto nenhum em jogar online e conhecer outras pessoas que jogassem.


Assim foi até eu voltar para a casa dos meus pais em 2016 e comprar o Street Fighter V em junho, se não me engano. Passei a jogar online e vim conhecer várias pessoas através do jogo, participar de grupos, produzir materiais sobre ele (desenhos, alguns vídeos). Eu me sentia bem, me sentia parte de alguma coisa. Mesmo não sendo uma jogadora de grande habilidade, eu queria ter um peso dentro dessa área. Eu queria ter um nome, entende? Por um tempo até que foi legal a busca por isso. Eu gostava quando alguém falava “a Gisele? A que joga de Chun-li?” De certa forma, era um tipo de reconhecimento.


Com o passar dos anos, bastante coisa legal aconteceu. Eu acompanhava lives, às vezes jogando com o pessoal nelas. Eu fazia desenhos baseados nas situações que aconteciam nas lives, comemorei as vezes que subi de liga no Street Fighter, comecei a aprender outros jogos de luta. Fui aprendendo cada vez mais.


Porém, com o passar dos mesmos anos, algumas coisas começaram a me incomodar. A competitividade já não fazia meus olhos brilharem. Sei que há casos e casos, cada um é diferente do outro, porém, começou a me enjoar ver gente tratando jogador casual como aquele que não tinha o direito de ser um bom jogador porque não “estuda o jogo”. Qualquer insatisfação que você compartilhasse já era, ou ainda é, taxada de mimimi. Como eu disse, há casos e casos, pessoas e pessoas, no entanto, às vezes o “ambiente” consegue ser muito tóxico. E ainda varia de jogo para jogo. Fãs do jogo X, às vezes são mais de boa que jogadores do jogo Y.


Somados aos exemplos que dei acima, ainda tem as situações fora do jogo. Nos bastidores, vamos dizer assim. Passei por algumas situações que não convém registrar aqui, mas que me deixaram muito mal, o que, consequentemente, refletiram nos jogos. É normal você não querer estar perto de algo que te faz mal. Teve um tempo que cheguei até a cogitar não jogar mais nada de fighting game. Cheguei até a desinstalar quase todos os jogos de luta do meu console.


Sabe quando sua consciência e outras pessoas te dizem “não se abale por essas coisas”, mas você não consegue? É fácil falar… Aliás, só de pensar nisso já me vem assunto para outra postagem, ou melhor, não uma, mas duas.


Continuando, demorei a me estabilizar. Eu não estava passando por um momento muito bom. Na verdade, eu não tava desistindo apenas dos jogos de luta. Tava desistindo de muita coisa, até mesmo de mim. Acho que já faz um ano e meio que ocorreu a “gota d’água” para eu desistir de vez do lado competitivo (no sentido de participar de eventos e campeonatos… ainda jogo partidas ranqueadas) dos jogos de luta e voltar minhas horas de partida para jogar com os amigos. Jogo partidas ranqueadas quando eles não estão disponíveis no momento.


Hoje jogo casualmente mesmo e até nem tenho jogado muito. Faço lá minhas lives de Soulcalibur VI de vez em quando. Quando dá certo, posto algumas partidas gravadas. Tento me manter antenada através do Twitter. Sigo alguns jogadores e desenvolvedoras de jogos para saber o que anda rolando na FGC. Na verdade, jogos em geral. Vez ou outra interajo com o pessoal.


Sei que a culpa é minha por não ter conseguido filtrar as coisas que me aconteceram e, assim, me entristecer com a comunidade dos jogos de luta a ponto de desistir de competir. Eu ainda não estou 100% bem. Como a depressão faz a cabeça da gente virar uma bagunça! Tem dias que eu ainda luto pra não desistir de mim. Como vou pensar em voltar a querer ser mais competitiva em jogos de luta?


Concluindo. Quando a gente é criança, tudo é lindo e maravilhoso. Quando competir, pra mim, era só na escola nas aulas de Educação Física e eventos ainda na escola. Aí a gente vai crescendo, se torna uma pessoa machucada pelas coisas da vida em geral e tudo vai perdendo as cores. Até mesmo os jogos de luta, estes dos quais aprendi a gostar bastante.


Espero, um dia, voltar a ter um pouco dos brilhos nos olhos por essas coisas lindas que são os jogos de luta.

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