Um pouco desta minha semana
Olá, pessoal!
Depois de falar um pouco de algo bom na postagem anterior, hoje eu queria deixar registrado o lado não tão bom da semana que veio após a beta de DnF Duel.
Não que tudo tenha que ser fácil, mas esta semana foi difícil pra mim na escola. Usei meu fim de semana para preparar umas aulas com música para todas as turmas que tenho. Como o bimestre está acabando, pensei em passar algo diferente. Porém, fui inocente em achar que tudo daria certo a semana inteira.
Na segunda-feira, em uma turma de 8º ano, coloquei na TV o clipe da música escolhida e pedi que prestassem atenção às cenas para inferir o que a letra da música dizia. Foi aí que eu ouvi um "que música paia". Não sei se na sua região a palavra "paia" tem algum sigificado diferente, mas aqui está ligado a algo chato. Nessa hora o sangue subiu. Chamei a atenção do aluno e até coloquei na minha fala que ele não era assim há dois anos atrás, enfatizando que muitos acabam se tornando mal-educados à medida que crescem; coisas de adolescente. Depois, ainda naquela aula, enquanto a maioria realizava as atividades em cima da letra da música, escutei um "tem que fazer essa porr@". Quando pedi que o aluno repetisse o que havia dito, ele disse "não falei nada", claramente com cara de "putz, ela me ouviu".
Bom, eu saí da sala para a outra turma com uma mistura de sentimentos. Estava brava e, ao mesmo tempo, tentando fazer com que minha cabeça não pensasse muito no que havia ocorrido. O famoso "não ligue pra essas coisas". Em partes consegui.
Na turma seguinte, apresentei a música, solicitei que prestassem atenção às cenas. Quando chegou o momento, uma aluna que tem como comportamento padrão reclamar de tudo e inventar histórias de um professor para o outro, tentando causar discórdia mesmo, ficou brava antes mesmo de tentar fazer os exercícios, dizendo "não consigo fazer essa bosta".
Meu, eu pedi a Deus um porquê de eu precisar ficar recebendo esse tipo de coisa, duas vezes no mesmo dia. Sem contar tantos outros dias em que acontecem coisas desse tipo.
Sabe, ninguém era obrigado a gostar da música, mas acho que pelo menos respeitar a aula ou o tempo que me dediquei a preparar aquele material podia, né? Nosso coordenador tá sempre vendo o que a gente faz de diferente. Inclusive, hoje, nas reuniões que temos todos os dias durante a tarde, falamos sobre essas práticas em sala.
Bom, mais uma vez precisei chamar a atenção e falei o seguinte: Imagine se você me apresenta seu trabalho e eu peço pra fazer de novo, dizendo que tá uma bosta. Você iria gostar?
Aquilo me deixou mais brava ainda, mas tentei muito o "não ligue pra essas coisas". Só que é difícil. Uma situação chata ali, outra aqui. As coisas vão acumulando até chegar uma hora que você surta, ou chora porque parece que dói lá no fundo do peito.
No dia seguinte, eu já acordei chorando. Tomei café, me arrumei para sair. Já estava com a mochila nas costas, chaves e capacete nas mãos. Cheguei na porta de casa e travei. Comecei a chorar de novo. Voltei para o meio da sala, procurei me acalmar e liguei na escola avisando que não conseguiria ir trabalhar.
"Não ligue pra essas coisas. Não ligue pra essas coisas".
Meu, tem hora que não dá. Como eu disse, ou você surta, um cai em depressão. Há pessoas que são mais fortes, resilientes, mas eu não sou assim. Sem contar que eu já tenho outras questões que me levam a ter tendência a entrar em depressão.
Eu poderia ter gastado uma abonada nesse dia, que cada uma delas era referente aos dias 31 no calendário. O governo não paga os dias 31, então nós tínhamos 6 dias que podíamos abonar dentro do ano. Porém, o governo do Dória correu atrás e fez com que perdêssemos esse direito que muitos desinformados chamam de "regalias". Enfim, eu precisei fazer um requerimento de falta justificada e mês que vem terei um belo de um desconto no meu salário.
Depois disso, passei a quarta e a quinta com vontade de sumir. Nem dormir tenho conseguido direito.
Felizmente, nesta sexta as coisas correram melhor. Um dos meus 9º anos foi uma belezinha durante a aula. Às vezes conto pra uma sala o que acontece na outra e os alunos ficam revoltados com essas atitudes. Bom, não todos. Tem aluno que tá pouco ligando pra professor, mas uma boa parte se sensibiliza.
Hoje também estava mostrando umas fotos antigas minhas para algumas professoras e quase não acreditaram que era eu. Perdi meu brilho ao longo dos anos e não sei como acender de novo.
Sexta tá quase chegando ao fim e eu tô aqui escrevendo esta postagem. Pedi comida japonesa pelo IFood (porque eu mereço) e agora estou no aguardo, pensando se jogo um pouco de videogame ou se fico na Netflix.
Bom, é isso. É um desabafo. Infelizmente, não é sobre algo que nunca mais vai acontecer. As coisas na escola são muito instáveis. Tem dia que tá de boa, tem dia que parece que vai me matar. Vez ou outra sinto meus olhos marejando dentro da sala de aula e tenho que dar um jeito de disfarçar. Mas vamos ver no que dá.
Vou tentar continuar acreditando que tudo, um dia, vai ficar bem.
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ResponderExcluirFica assim não, é cíclico essas coisas com o tempo você vai achar o equilíbrio que tanto busca durante o ano letivo. Eu acredito em você, nesse potencial incrível que tem, e a dedicação para com os seus alunos. Não desanime.
ResponderExcluirBrigadão pelas palavras. Eu queria que minha cabeça não entrasse tanto em conflito com o "sei o que tenho que fazer" e o "não consigo fazer". Hoje mesmo eu tava conversando com o meu pai e ele me disse que eu tenho que começar a criar estratégias pra sobreviver à escola até que chegue a hora em que eu possa parar com ela. Inclusive, ele me questionou "você não tem que criar estratégias nos jogos? Então tem que criar uma pra levar a escola."
ExcluirSei que é difícil é muito chato.Mas espero que tudo isto passe, venham boas turmas e bons alunos, com o passar do tempo tudo vai mudando, infelizmente muitos para pior como em seu relato e poucos para melhor. Eu acho você uma pessoa maravilhosa e deve ter um trabalho primoroso pelo pouco que a conheço, Gi.
ResponderExcluirBrigadão, Irving! Infelizmente, não tenho esperanças de que as coisas vão melhorar. Acredito que o que vai persistir será sempre a situação de poucos se destacarem e desejarem coisas boas para seus próprios futuros.
ExcluirAdmirável Gisele! Você é uma mulher de potencial incrível! Sei que é difícil não se abalar em situações como essa (ainda mais quando são corriqueiras e não estamos tão bem) mas procure dar atenção, priorizar e valorizar a atitude da grande maioria dos alunos. Infelizmente temos a tendência de dar “ibope” para quem não merece nem bom dia! Felizmente essas pessoas são a minoria! A grande maioria são pessoas boas! Sei que é difícil, falo isso por mim, que muitas vezes vejo somente as críticas e não dou atenção e não valorizo os elogios que recebo! Não sei quanto a você, mas tenho a tendência de ser mais receptivo as críticas maldosas (e 99% infundadas, vomitadas com o simples objetivo de desmerecer e abalar) e o mais grave, acreditar nelas, do que aos elogios que não consigo recebê-los de maneira natural! Temos que inverter isso! Você sabe da sua inteligência, criatividade, capacidade! Você sabe o quanto estudou, se dedicou, ralou e investiu! Não pense que você é, mais SAIBA que você é FODA!!! (Me perdoe pelo palavrão).
ResponderExcluirTorço e sempre torci por você! Tenho uma grande admiração pelo pouco que conheço da sua história, pelo que passou, lutou, superou e venceu! Não se deixe abater! Acredite e CREIA firmemente na pessoa fabulosa que és! Você é PODEROSA, mais do que qualquer comentário ou ofensa vindo de uma MINORIA de pré-adolescentes Nutella que vieram de uma geração onde acham que só tem direitos, liberdade para fazerem tudo e como quiserem! Os deveres de direitos… o que é isso pra essa turma! Estamos numa era de inversão! Quando estudava o professor, educador, mestre era a autoridade na sala de aula! Quando os professor(a) entrava na sala de aula todo os alunos ficavam em pé! Havia respeito pela pessoa que me passaria conhecimento, ao educador… mas aí veio a pedagogia do oprimido, ECA e o resto você já sabe e vivencia na escola e na sala de aula… “Poderes para aqueles que nem sabem o que são e serão”… Por isso te peço, por favor, pare um momento e veja o quanto você é capaz! O quanto és foda! Não permita que essa minoria te abale ao ponto de destruir tudo que faz e cria com carinho e dedicação! FORÇA, FÉ, PERSISTÊNCIA! Torço por você minha querida amiga! Forte abraço! Ps. Perdoe os prováveis erros de português…
Muito obrigada pelas palavras! As coisas são exatamente como você descreveu. Apesar de todas as conquistas que eu já tenho, eu sempre fico me sentindo um fracasso, uma pessoa sempre "nota C", mediana. É complicado ter a consciência de que faço meu melhor e mesmo assim não acreditar nas minhas conquistas e não saber como receber elogios. É como se fosse "não é possível... tem certeza de que é de mim que você tá falando?" Os tempos mudaram muito. É normal coisas mudarem, mas eu não esperava que as coisas fossem ficar como estão hoje. Meu pai me falou hoje que tenho que criar estratégias pra sobreviver à escola. Bom, vamos ver no que dá.
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